Na última Conferência das Nações Unidas para Mudanças Climáticas, o Brasil estabeleceu uma meta ousada para 2030: reduzir em 50% sua emissão de carbono e outros gases poluentes. No combo, veio ainda o marco de se tornar neutro em emissões até 2050, zerar o desmatamento ilegal de mata nativa até 2024 e reduzir o desmatamento em 15%.
Estamos falando de alterações significativas em termos de impacto social e ambiental. Em especial, se considerarmos que o desmatamento e a agropecuária são as principais fontes de emissões por aqui.
Agora, isso é mesmo possível? Como as empresas podem contribuir para esse resultado? Descubra, nos próximos tópicos.
Quais são as principais causas de emissão de carbono?
Mesmo o mundo passando por uma pandemia nos últimos anos, a emissão de carbono e outros gases poluentes não diminuiu, pelo contrário. Em 2020, de acordo com um relatório da Organização das Nações Unidas, houve um aumento de 149% na concentração de dióxido de carbono na atmosfera, batendo um recorde.
A emissão dos gases poluentes tem várias fontes: a queima de combustíveis fósseis, de florestas e a pecuária. Para se ter uma ideia do impacto, apenas essa última é responsável por 70% de todas as emissões da agropecuária brasileira. Ela ocupa o primeiro lugar no ranking das principais emissoras de carbono.
Essa substância leva de 50 a 200 anos para ser absorvida, causando, nesse intervalo, diversas tragédias de impacto social e, principalmente, ambiental. A melhor maneira de correr atrás do prejuízo é por meio da compensação de carbono.
O que é compensação de carbono?
Compensação, como o próprio nome indica, é uma neutralização, uma indenização. Pode acontecer de duas formas: a primeira é apostar no reflorestamento, plantando árvores para compensar as que foram desmatadas. As árvores agem “roubando” o carbono da atmosfera. O componente auxilia seu crescimento, por isso, uma vez que ele esteja completo, a compensação chega ao fim.
Outra maneira é a partir do crédito de carbono. As empresas que conseguem reduzir suas emissões ganham créditos e, com eles, podem realizar negociações com outras companhias. Até pessoas físicas podem fazer isso, para compensar sua emissão diária de gás.
Por que a compensação de carbono é importante?
Existe um cálculo que determina quantas árvores teriam que ser plantadas para barrar os avanços do efeito estufa. No entanto, acredita-se que mesmo bilhões de árvores não seriam suficientes. É o acúmulo dessa e de outras substâncias gasosas que causa alguns dos eventos climáticos que estamos vivenciando.
O aumento da temperatura e a redução da umidade são exemplos simples do que o aquecimento global está proporcionando. Sem o devido freio, a tendência é que nós e as próximas gerações sejamos cada vez mais prejudicados.
Qual é a relação entre empresas e compensação de carbono?
Empresas, estatais ou privadas, são as principais responsáveis pela emissão de gases poluentes, em especial, as produtoras de petróleo, gás natural e carvão. Em 2019, o jornal britânico The Guardian publicou um levantamento realizado pelo Climate Accountability Institute constatando que 20 companhias em todo o mundo são causadoras de um terço dessas emissões.
O Brasil faz parte dessa lista, figurando em último lugar (20º), com a Petrobrás. Sendo assim, elas são as mais cobradas por uma mudança de atitude. Podemos afirmar que as alterações significativas para retardar os impactos climáticos e frear o aquecimento global dependem delas.
Dadas as circunstâncias, as opções são: zerar a emissão, diminui-la ou compensá-la. A maioria opta pela última, pois com isso, não se perde dinheiro nem é preciso retirar funcionários da operação. Infelizmente, o país ainda não oferece benefícios fiscais para as empresas que se comprometem a reduzir sua emissão de gases poluentes.
Apesar de o assunto ser debatido há algumas décadas, ainda não há regulamentação nacional a respeito, isto é, não há nenhuma lei que as obrigue a compensar o carbono emitido ou controlá-lo.
Quais são as vantagens de reduzir a emissão de carbono e outros poluentes?
O principal benefício é contribuir para a redução dos danos ambientais. A preocupação e a conscientização por trás desse tema enfatiza a urgência dessa pauta. Por isso, ela é a vantagem mais relevante. Mas do ponto de vista econômico, também é positivo para o negócio.
Isso porque a adoção de medidas sustentáveis gera marketing — que pode ser revertido em novos consumidores, portanto, novas vendas, mais pessoas conhecendo a marca e se identificando com seus valores. Além disso, essa conduta atrai mais investidores.
Eles têm preferência por companhias com selo de compensação de carbono, pois essas demonstram estar na vanguarda, adaptando-se às novas exigências do mercado. Dessa maneira, a empresa também se resguarda quanto a futuras regulamentações ambientais, pois é certo que em alguns anos, vários países (incluindo o Brasil) dedicarão mais atenção a essa pauta.
Como as metas de compensação de carbono são aferidas?
Antes de estabelecer quais são as metas para compensar, a companhia tem que realizar uma análise para identificar quanto tem emitido. Essa avaliação deve ser completa, considerando os anos anteriores para ter uma boa noção. Para isso, são usados inventários, preenchidos com o uso de ferramentas para medição.
Após os números, lembre-se de que as metas devem ser realistas. Não adianta definir uma projeção fora da realidade. Isso vai causar frustração na gestão, podendo até impactar o planejamento estratégico da empresa. Por isso, é bom contar com uma consultoria especializada em sustentabilidade para avançar no direcionamento almejado.
Como a compensação de carbono impacta o posicionamento de mercado?
Segundo a agência americana de pesquisa Union + Webster, quase 90% dos brasileiros preferem empresas que são sustentáveis, mesmo que precisem pagar a mais por isso. Portanto, quanto mais sólido for o planejamento em relação às ações pretendidas, mais lucrativo vai ser para a companhia. Para os demais atuantes no ramo, vai funcionar como uma inspiração.
Sabe-se que o impacto social vai além da emissão e compensação do carbono. Entretanto, aplicar estratégias que visem a essa diminuição é uma das melhores formas de fazer seu papel e, assim, retardar a degradação do planeta. Quanto mais cedo as pessoas e empresas se conscientizarem em relação a isso, melhor será para as próximas gerações.
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Ultima atualização
19
de
Dezembro
del
2022
