Quais as diferenças do carbono zero, carbono neutro e carbono negativo?

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Ana Clara Macedo
Content Manager at Betterfly

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Se antes as mudanças climáticas eram uma preocupação do futuro, hoje, elas já estão batendo à nossa porta. Nesse cenário, as empresas B, aquelas que buscam o equilíbrio entre propósito e lucro, ganham força no mercado. Para tanto, consideram o impacto de suas ações em seu time de colaboradores, clientes, comunidade e meio ambiente.

Um dos principais compromissos das empresas B é a redução do carbono (CO2), uma vez que essa é uma das principais causas das mudanças climáticas no planeta. Quem deseja ingressar nesse processo de transformação deve dar atenção para os conceitos de carbono zero, carbono neutro e carbono negativo.

Embora estejamos falando de termos parecidos, na prática, são diferentes. Quer saber mais sobre esse assunto? Neste post, vamos abordar quais as diferenças entre essas propostas. Confira!

O que é carbono zero?

Com o início da Revolução Industrial, em 1760, a humanidade passou a usar de forma massiva o carbono que vem dos combustíveis fósseis, como é o caso do gás natural, do petróleo e do carvão. Ao ser queimado, o carbono é liberado em forma de CO2, o que causa a poluição do ar, favorece a formação de chuva ácida e desequilibra o efeito estufa.

Tudo isso tem como consequências a elevação da temperatura no planeta Terra, o derretimento de geleiras e a elevação do nível dos oceanos. No ano de 1977, 141 representantes de diversos países do mundo se reuniram na cidade de Kyoto, no Japão, para participar da Conferência das Partes.

O objetivo era estabelecer metas e obrigações às nações para a redução da emissão de gases de efeito estufa (GEE) na atmosfera — iniciativa fundamental para reduzir os danos ao meio ambiente. Assim nasceu o Protocolo de Kyoto, que consiste em um tratado internacional, assinado por 55 países, em 1999, que entraria em vigor no ano de 2004.

A partir dele, surgiu o conceito de ‘’zero carbon’’, ou carbono zero, que é um programa focado em quantificar as emissões de carbono produzidas por uma empresa. Com base nisso, pode-se identificar as melhores maneiras de reduzir e compensar os malefícios à natureza.

A redução dos GEE é um dos maiores desafios das empresas, principalmente, para aquelas que atuam no setor industrial. Quando as emissões desses gases são mensuradas, a empresa pode criar estratégias para reduzi-las no dia a dia, até chegar ao resultado zero.

Se utilizar estratégias eficientes, a organização pode retirar uma quantidade maior de CO2 do que emite em suas atividades. Desse modo, ela pode ganhar créditos de carbono, que são classificados como moedas que podem ser comercializadas para outras companhias que, até o momento, não conseguiram compensar os seus níveis de emissão.

O que é carbono neutro?

O carbono neutro é considerado uma alternativa para evitar os danos provocados pelo desequilíbrio dos GEE. Ela também está alicerçada no cálculo geral de emissão de CO2 das empresas.

Para ser uma organização carbono neutro, é necessário reduzir as atividades nas quais isso é viável e balancear o restante das emissões de carbono a partir da compensação. Essa ação pode ser feita com a recuperação de áreas naturais degradas ou com a compra de crédito de carbono.

É possível calcular a quantidade de gás carbono emitida por empresa, por pessoa, por produto ou, ainda, por governo. Esse cálculo é feito de acordo com a base de dados relacionados ao consumo de um indivíduo ou inventário de emissão de CO2 das organizações.

Após o cálculo, inicia-se a etapa de neutralização de carbono, que prevê a adoção de métodos que reduzam o máximo possível a emissão de carbono e de mecanismos que promovam a compensação de emissões. Para isso, a empresa pode reutilizar água, economizar energia, entre outras iniciativas.

O que é carbono negativo?

O propósito do carbono negativo não consiste apenas em controlar os níveis de emissão de carbono, mas também, em adotar medidas para removê-lo mais do que se emite. Sendo assim, se uma companhia emite três milhões de toneladas de CO2, para que seja considerada carbono negativo, é necessário que retire ou retenha uma quantidade acima de três milhões de toneladas de carbono.

A adesão a esse conceito pode se dar a partir de diferentes estratégias, como capturar e armazenar dióxido de carbono para gerar energia. Em resumo, há que se evitar que o carbono seja emitido ou o retirar do ar.

Para isso, deve-se medir a quantidade de CO2 como crédito, sendo que cada crédito representa um valor igual a uma tonelada de carbono que foi capturada ou evitada e, portanto, não vai contribuir para degradação do meio ambiente.

Quais são as principais diferenças?

Carbono zero, carbono neutro e carbono negativo são abordagens recentes e que têm como ponto comum reduzir as emissões de CO2, com o intuito de preservar a atmosfera. Porém, podem se diferenciar na forma como são aplicadas.

No que se refere ao carbono 0, a sua aplicação acontece a partir do momento em que a empresa define uma meta de redução de emissões a ser alcançada em suas operações no decorrer do tempo. A partir disso, utiliza meios de compensações para diminuir os impactos de emissões residuais.

Nesse caso, as emissões residuais podem ser diretas, quando são provenientes de suas operações, ou indiretas, quando são oriundas da pegada de carbono deixada pela sua cadeia de valor, dos seus fornecedores ou, até mesmo, de seus clientes.

Depois de implementar as medidas de mitigação de emissão GEE, a empresa deve agir para compensar as emissões residuais que não podem ser mitigadas, a partir da compra de créditos de carbonos certificados.

Portanto, o carbono zero é uma meta que pode ser associada ao Science Based Targets iniciativa (SBTi), que significa Metas Estabelecidas pela Ciências. Desse modo, a compensação das emissões pode ser aplicada na transição para a descarbonização.

Por sua vez, o carbono neutro deve ser entendido como a meta que as organizações devem atingir depois de compensar as emissões de carbono dentro de determinado período. A avaliação do alcance dessa meta costuma ser feita uma vez por ano.

Já o carbono negativo é uma proposta utilizada quando a organização almeja atingir os níveis de emissão do carbono zero para que seja possível gerar benefícios ambientais. Com isso, as emissões adicionais são removidas por meio do desenvolvimento de projetos de sequestro de carbono.

Quais são as metas mundiais de carbono?

A Conferência das Partes (COP), um encontro da Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Mudança do Clima, é realizada todos os anos. Nela, 197 nações se reúnem para verificar quais são as mudanças climáticas atuais e como combatê-las a partir de metas assumidas por cada uma delas.

A COP26 foi a última edição do encontro, que ocorreu em 2021, em Glasgow, na Escócia. Segundo o Pacto Climático de Glasgow, um dos principais assuntos e metas definidas consiste em evitar que o aquecimento global supere 1,5ºC, o que é um avanço, visto que o Acordo de Paris, feito em 2015, tinha uma meta de 2ºC.

Para que seja possível atingir esse objetivo, será necessário reduzir as emissões globais de carbono em 45% até o ano de 2030, em relação aos níveis de emissão de 2010. Além disso, atingir as emissões zero líquidas — emissão que representa a quantidade de CO2 eliminada da atmosfera, colaborando para zero emissões até a metade do século.

As empresas B estão se tornando cada vez mais relevantes no mercado. Afinal, a crescente conscientização dos cidadãos os leva a dar preferência para negócios comprometidos com o meio ambiente, não apenas no discurso, mas em ações reais. Diante disso, é imprescindível que a sua empresa esteja a par dos danos que causa à natureza e adote medidas eficientes em torno dos conceitos de carbono zero, carbono neutro e carbono negativo.

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Ultima atualização 19 de Dezembro del 2022
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